5.16.2010

Capítulo 10 - Crossroads

- Tenho, tenho sim. Mas você costuma falar em português com qualquer um, é?

O homem sorriu, com os braços na cintura e cabeça baixa.

- Depois de um tempo aqui você aprende a ver quem é brasileiro. E esse cigarro ai, tem ou não?

Entreguei a ele o maço todo. Ele acendeu um e logo voltou ao pneu do caminhão.

- O que houve aí, senhor..?

- Eurípides. Ah, só tá um pouco vazio. Puxa a mangueira de ar ali pra mim?

- Opa.

Entreguei a ele a mangueira e decidi voltar ao meu banco. Ele parecia ser simpático, mas eu não estava para conversa naquela noite. Logo que virei as costas e comecei a andar ele perguntou:

- Rapaz, você tá nesse ônibus pra Quebec, né? Não te interessa uma carona até lá?

- Ah, não sei. Minhas coisas já estão todas no ônibus...

- Vâmo lá, rapaz. Tô precisando praticar meu português, vai.

- Valeu, mas deixa pra próxima. Boa viagem ai pro senhor.

Virei as costas e me dirigi ao ônibus, apertando o passo. Eurípides soltou uma gargalhada meio contida e voltou ao pneu.

Antes mesmo de eu dar meu segundo passo em direção ao ônibus, vi o homem da barba ruiva vindo em direção ao caminhão do seu Eurípides. Reparei que ele tirava seu "earplugs".

- So, is it all set? - disse ele, já abrindo a porta do caminhão.

- Yeah, yeah. - respondeu Eurípides, sorrindo para mim.

3 comentários:

  1. bem loco felipe, você conseguiu dar uma amarrada na história, coisa que precisava muito ser feita.
    bacana cara

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  2. Fe, adorei o seu capítulo.
    Foi bastante importante pra mim pq me fez lembrar de várias coisas muito parecidas com o que passei lá.
    Desculpa eu ter demorado para postar.

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  3. Sensacional! O uso pontual e sutil que você faz das próprias experiências de viagem dá ao texto uma firmeza científica, haha.

    "Depois de um tempo aqui você aprende a ver quem é brasileiro".

    Belas cores, boas personagens, mano. Curti!

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